11.3.12

Selha de cristal quebrado

Aluguei o teu corpo para espalhar o veneno que me consumia numa selha de cristal quebrado, a mistura alquímica que é esse teu amor sabe-me a fel e escorre-me pelas veias proeminentes.

As lâminas que me alvejam entre sombras descaradas tatuam rasgos no alento do teu ego oxidado de prazer e este ácido que vertes sem sequer provares o meu antídoto faz de ti um fraco.

Vende ao diabo esse espírito moribundo que o mundo não precisa de mais almas penadas.

Lisboa, 11 de Março de 2012

3.3.12

Contraluz


Penetramos num fluxo sensorial
De tactos e convulsões emancipadas
De silhuetas errantes em contraluz
Fomos dois vultos embriagados
A esculpirem gemidos inspirados na bruma
Fomos vertidos entre paredes frígidas
Que aconchegaram a fúria fogosa
Dos nossos corpos levitantes
Caímos subjugados ao espelho da alma
Pálido pelo prazer dos suores dissipados
Contemplados entre atritos penetrantes

Lisboa, 3 de Março de 2012