19.9.12

Sangue e suor

Teias de vermelho quente
e o sangue fluido
numa corrente viral
ardente paixão
no corpo húmido
molhado de sexo
e a papila gustativa
apurada ao teu sal
união de suor
penetrante
inquietante

hum…

os gemidos...
hum…

e o sexo…
Ahhh!
o sexo!
o sangue e o suor...

Lisboa, 19 de Setembro de 2012

11.3.12

Selha de cristal quebrado

Aluguei o teu corpo para espalhar o veneno que me consumia numa selha de cristal quebrado, a mistura alquímica que é esse teu amor sabe-me a fel e escorre-me pelas veias proeminentes.

As lâminas que me alvejam entre sombras descaradas tatuam rasgos no alento do teu ego oxidado de prazer e este ácido que vertes sem sequer provares o meu antídoto faz de ti um fraco.

Vende ao diabo esse espírito moribundo que o mundo não precisa de mais almas penadas.

Lisboa, 11 de Março de 2012

3.3.12

Contraluz


Penetramos num fluxo sensorial
De tactos e convulsões emancipadas
De silhuetas errantes em contraluz
Fomos dois vultos embriagados
A esculpirem gemidos inspirados na bruma
Fomos vertidos entre paredes frígidas
Que aconchegaram a fúria fogosa
Dos nossos corpos levitantes
Caímos subjugados ao espelho da alma
Pálido pelo prazer dos suores dissipados
Contemplados entre atritos penetrantes

Lisboa, 3 de Março de 2012

8.9.11

Papila gustativa

Deambulou a roupa pelo chão para fintar dois corpos hirtos de liberdade que flutuaram sobre a mesa afogada em embriaguez e despiram a alma de preconceitos molhados em arremessos de satisfação perpétua.
Saltou inquieta a papila gustativa de mais uma noite com sabor a sexo.

A.H., 08 de Setembro de 2011

6.9.11

Anatomia da sensação

Flutuava o tecido de cetim entre as curvas vestidas de nu que se balanceavam em bicos de pés ao som do soalho que gemia atordoado de prazer e entre paredes intocáveis pairava a sombra iluminada de um corpo ardente perdido na anatomia da sensação sublime que detinha a sensualidade suculenta de dois lábios escravos que rendidos ao seu deleite davam outro sabor a uma noite rubra.

A.H., 06 de Setembro de 2011

4.8.11

Momento sublime

Parti numa caminhada sem retorno para aquém do medo e do mundo onde apertei o tempo que se soltava como quem enlaça a vida contra o peito e no regresso dessa volta sem volta estagnou no meu seio o momento sublime de ter em mim um resto de ti que livremente se passeia entre os meus dedos longe do tempo reles das memórias perfeitas.

Santa Maria, 3 de Agosto de 2011

17.6.11

Errante

Eclipsaram as sentenças que brotavam da alma em prantos esvaecidos que vertiam na voz o sentimento extenuado do afecto rendido aos pés da envelhecida oportunidade errante.
Lisboa, 17 de Junho de 2011