28.5.11

Gotas soluçadas

Entre débeis dedos de papel verte a alma embebida em gotas soluçadas num entrelaçar agoniado onde a audácia solta o que o receio detém num arrebatado instante de liberdade que enfraquece a nostalgia da distância e as emboscadas sem desfecho ao casulo impenetrável do teu ser.
Espanha, 26 de Maio de 2011

19.5.11

Grito surdo

Rabisquei a promessa que é o amor em folhas de cinza vaporizadas por lágrimas sentidas e compreendi que o grito surdo da alma voa sempre mais alto do que qualquer absurdo gemido de prazer quando o tempo me devolve em pó as cinzas cicatrizadas de uma vida.
Lisboa, 19 de Maio de 2011

16.5.11

Aroma

Haverá um dia em que o nascer do sol terá o teu aroma e nesse instante irei enlaçar para sempre o teu sabor numa recordação onde as promessas serão escassas para expressar o sentir do meu coração

Lisboa, 15 de Maio de 2011

14.5.11

Fervilhar

Afrouxei o diabo seguro no corpo para sofrer perdidamente o espaço intemporal de cada instante como se o futuro ponderado fosse um actual impensado que faz fervilhar nestas veias cristalizadas o veneno genuíno da demência consolidada da mente

Lisboa, 14 de Maio de 2011

Vivacidade imbecil

Por algum fundamento o infortúnio com que me presenteias é tudo o que idolatro e venero firmemente tamanha calamidade por ser ela a vivacidade imbecil que me torna afortunada de exultação pela tua porção em mim

Lisboa, 13 de Maio de 2011

12.5.11

Alienação

Vibra o timbre melódico que ecoa em barreiras despidas pelo retiro fatídico do inerente aroma de dois cadáveres submissos ao gozo do prazer exequível meramente além do realismo palpável em ápices de alienação penetrante

Lisboa, 12 de Maio de 2011

10.5.11

Lágrima embriagada

O meu regaço emana a loucura do afecto impiedoso e contraditório que é desejar-te e não te possuir
Quiçá amanhã esta nostalgia ferida de idolatrar incessantemente o incógnito sucumbirá no leito de uma lágrima embriagada entre dois lábios nus

Lisboa, 10 de Maio de 2011

7.5.11

Gemidos

A paixão é uma sentença fútil quando confrontada com a consciência de te sentir além das entranhas humanas que nos absorve em gemidos plausíveis.

Angra do Heroísmo, 7 de Maio de 2011

5.5.11

Efémero

Esvoaça a conversa que me ata sobre o papel em entendimentos feitos sem entender qual a razão de seres tu quem paira nas sílabas do meu efémero sentir

Lisboa, 5 de Maio de 2011