8.9.11

Papila gustativa

Deambulou a roupa pelo chão para fintar dois corpos hirtos de liberdade que flutuaram sobre a mesa afogada em embriaguez e despiram a alma de preconceitos molhados em arremessos de satisfação perpétua.
Saltou inquieta a papila gustativa de mais uma noite com sabor a sexo.

A.H., 08 de Setembro de 2011

6.9.11

Anatomia da sensação

Flutuava o tecido de cetim entre as curvas vestidas de nu que se balanceavam em bicos de pés ao som do soalho que gemia atordoado de prazer e entre paredes intocáveis pairava a sombra iluminada de um corpo ardente perdido na anatomia da sensação sublime que detinha a sensualidade suculenta de dois lábios escravos que rendidos ao seu deleite davam outro sabor a uma noite rubra.

A.H., 06 de Setembro de 2011

4.8.11

Momento sublime

Parti numa caminhada sem retorno para aquém do medo e do mundo onde apertei o tempo que se soltava como quem enlaça a vida contra o peito e no regresso dessa volta sem volta estagnou no meu seio o momento sublime de ter em mim um resto de ti que livremente se passeia entre os meus dedos longe do tempo reles das memórias perfeitas.

Santa Maria, 3 de Agosto de 2011

17.6.11

Errante

Eclipsaram as sentenças que brotavam da alma em prantos esvaecidos que vertiam na voz o sentimento extenuado do afecto rendido aos pés da envelhecida oportunidade errante.
Lisboa, 17 de Junho de 2011

8.6.11

Bafejo perplexo

Entreguei meu coração ao regaço de uma paixão folheada por fantasias e juras distraídas em diminutos riscos de tempo sobressaltados por agrestes intempéries emocionais que arrebataram num bafejo perplexo o esboço de um instante que embalado audaciosamente conteria um fundamento perfeito sobreposto ao derradeiro instante final.
Lisboa, 8 de Junho de 2011

28.5.11

Gotas soluçadas

Entre débeis dedos de papel verte a alma embebida em gotas soluçadas num entrelaçar agoniado onde a audácia solta o que o receio detém num arrebatado instante de liberdade que enfraquece a nostalgia da distância e as emboscadas sem desfecho ao casulo impenetrável do teu ser.
Espanha, 26 de Maio de 2011

19.5.11

Grito surdo

Rabisquei a promessa que é o amor em folhas de cinza vaporizadas por lágrimas sentidas e compreendi que o grito surdo da alma voa sempre mais alto do que qualquer absurdo gemido de prazer quando o tempo me devolve em pó as cinzas cicatrizadas de uma vida.
Lisboa, 19 de Maio de 2011

16.5.11

Aroma

Haverá um dia em que o nascer do sol terá o teu aroma e nesse instante irei enlaçar para sempre o teu sabor numa recordação onde as promessas serão escassas para expressar o sentir do meu coração

Lisboa, 15 de Maio de 2011

14.5.11

Fervilhar

Afrouxei o diabo seguro no corpo para sofrer perdidamente o espaço intemporal de cada instante como se o futuro ponderado fosse um actual impensado que faz fervilhar nestas veias cristalizadas o veneno genuíno da demência consolidada da mente

Lisboa, 14 de Maio de 2011

Vivacidade imbecil

Por algum fundamento o infortúnio com que me presenteias é tudo o que idolatro e venero firmemente tamanha calamidade por ser ela a vivacidade imbecil que me torna afortunada de exultação pela tua porção em mim

Lisboa, 13 de Maio de 2011

12.5.11

Alienação

Vibra o timbre melódico que ecoa em barreiras despidas pelo retiro fatídico do inerente aroma de dois cadáveres submissos ao gozo do prazer exequível meramente além do realismo palpável em ápices de alienação penetrante

Lisboa, 12 de Maio de 2011

10.5.11

Lágrima embriagada

O meu regaço emana a loucura do afecto impiedoso e contraditório que é desejar-te e não te possuir
Quiçá amanhã esta nostalgia ferida de idolatrar incessantemente o incógnito sucumbirá no leito de uma lágrima embriagada entre dois lábios nus

Lisboa, 10 de Maio de 2011

7.5.11

Gemidos

A paixão é uma sentença fútil quando confrontada com a consciência de te sentir além das entranhas humanas que nos absorve em gemidos plausíveis.

Angra do Heroísmo, 7 de Maio de 2011

5.5.11

Efémero

Esvoaça a conversa que me ata sobre o papel em entendimentos feitos sem entender qual a razão de seres tu quem paira nas sílabas do meu efémero sentir

Lisboa, 5 de Maio de 2011